1º Encontro da Rede de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais

Encontro nacional destaca projetos que apoiam os cuidadores informais e alerta para necessidade de mais iniciativas e ação conjunta.

São já 125 os projetos distinguidos com um selo de mérito nas três edições da Rede de Autarquias que Cuidam dos Cuidadores Informais (RACCI), uma iniciativa do Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais que realizou o seu primeiro encontro, onde a humanização dos cuidados serviu de mote para apresentar, debater e discutir formas de apoio aos milhares de cuidadores informais que, por todo o País, exercem este papel, na maioria dos casos sem qualquer tipo de apoio.

Numa parceria com a Câmara Municipal de Oeiras, o Templo da Poesia, acolheu especialistas, representantes autárquicos, membros de associações de doentes e cuidadores informais para debaterem não só a importância do papel destes cuidadores, mas ainda as melhores formas de apoio e valorização de um grupo que, tal como referiu Teresa Bacelar, Vereadora dos Pelouros de Desenvolvimento Social, Saúde e Responsabilidade Social, da Câmara Municipal de Oeiras, é “fundamental não apenas para as famílias, mas também para a sociedade como um todo, aliviando a pressão sobre os serviços públicos”.

Um papel que as associações de doentes bem conhecem, como referiu Alexandre Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, que realçou o aumento da dependência nos próximos anos, com o aumento de casos de doenças neurológicas, que exige um debate mais profundo sobre o papel dos cuidadores.

Uma perspetiva que vai ao encontro do que foi dito pela Secretária de Estado de Ação Social e Inclusão, Clara Marques Mendes, que numa intervenção em vídeo sublinhou a necessidade urgente de uma abordagem integrada e multidisciplinar nas políticas de apoio aos cuidadores informais e destacou que a colaboração, entre entidades públicas e privadas, é fundamental para garantir um suporte efetivo e abrangente, capaz de atender às diversas necessidades existentes.

Uma das ações em destaque neste encontro foi a Linha de Apoio Psicológico, uma iniciativa da Eurpacolon Portugal, com o apoio da Merck Portugal, que até ao momento já recebeu cerca de 300 chamadas de cuidadores informais, na sequência das quais foram realizadas 90 consultas.

O encontro foi ainda palco de uma partilha de boas práticas no que diz respeito ao apoio aos cuidadores informais por parte das autarquias de todo o País, como a de Arruda dos Vinhos, que criou um estatuto municipal específico para os cuidadores, assim como um gabinete de apoio psicológico, um laboratório de desenvolvimento de competências, que oferece formação no domicílio, e uma equipa de gestão de altas que facilita a transição entre o hospital e o lar, focando especialmente nos cuidadores de idosos.

Por sua vez, a autarquia de Cuba, com o projeto piloto Remind, que visa capacitar cuidadores de pessoas com demência; e ainda a autarquia de Ovar, com parcerias que têm promovido encontros e apoio psicológico para cuidadores. Sem esquecer Oeiras, anfitriã do evento, com o seu Plano Local para as Demências, que abrange cerca de 1.000 a 1.500 doentes e cuidadores. Estruturado em quatro eixos (promoção e prevenção, diagnóstico precoce, planeamento e intervenção, e investigação), que visa atender a uma população envelhecida, promovendo a inclusão de novos parceiros e garantindo a criação de uma rede de suporte.

Pedro Moura, Diretor-Geral da Merck Portugal, realçou a relevância dos cuidadores informais, que frequentemente preenchem lacunas deixadas pelo sistema de apoio estatal e destacou o trabalho desenvolvido pela RACCI, anunciando mais uma edição do projeto que vai arrancar no próximo ano.

Este encontro realizado pelo Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, com o apoio da Merck Portugal, evidenciou a importância de unir esforços em prol do reconhecimento e da valorização dos cuidadores informais, que desempenham um papel crucial na sociedade.

As intervenções dos diversos oradores destacaram a necessidade de estabelecer redes de apoio robustas e integradas, que permitam uma partilha eficaz de recursos, conhecimentos e que a colaboração entre autarquias, instituições e cuidadores não seja apenas uma estratégia, mas uma responsabilidade coletiva que visa melhorar a qualidade de vida de todos os envolvidos no ato de cuidar.